Às vezes (está bem, muitas vezes) sentes que todos os sentimentos do mundo recaíram sobre ti… Às vezes (está bem, muitas vezes) sentes que a vida é linda e maravilhosa de uma forma mais intensa do que qualquer outro parece sentir… Sejam sentimentos bons e alegres, sejam pensamentos negativos e pesados, todos são demasiado intensos.

 

Olhas à tua volta e tens a nítida impressão de que só tu é que sentes desta maneira, de que és demasiado sensitiva, os sentimentos são demasiado pesados e todos os outros parecem estar muito bem enquanto tu… Tu fazes de conta que está sempre tudo bem e… Sorris. Sim, sorris porque os outros podem precisar de ti e podem não entender o que sentes (como poderiam, nem tu entendes) e podem não aceitar e com a não-aceitação dos outros vem aquele sentimento pesado, o mais doloroso de todos, o de ser rejeitada, criticada, julgada e o sentimento de estar sempre errada e não fazer nada certo.
Então sorris e fazes outra vez de conta que está tudo bem enquanto disfarças mais uma vez os teus sentimentos atrás de um sorriso sem sentido e uma capa de “está tudo bem”. Porque foi isto que te ensinaram desde sempre. Quando te perguntarem “Como estás?” tu respondes sempre com um “está tudo bem” e um sorriso. Pois… Só que não está. E tu tentas fazer mais um esforço para esconder esse maldito sentimento “errado” que estás a sentir, fazes de conta que ele não existe e tentas adormece-lo, cala-lo, esconde-lo.
Passas pela vida meio dormente, escondeste atrás de um qualquer hábito nocivo, uma dependência, seja adição com a comida, com o corpo, com relações tóxicas, com sexo, com químicos, com álcool, com inércia e estados depressivos ou ansiosos. Não importa, fazes qualquer coisa para deixar de sentir e qualquer dependência começa a parecer-te mais “normal” que este estado de sofrimento intenso e aparentemente sem sentido, que ninguém mais parece sentir, do qual nunca ninguém fala e que te faz sentir completamente errada, por isso tu também não falas.
Se te identificas com estas palavras de alguma forma, então é contigo mesma que quero falar, caso não te identificas nem entendas, tudo bem, não precisas continuar a ler, mas antes de ires peço-te, compartilha isto com alguém que penses que possa precisar, porque acredita, essa pessoa vai ficar-te grata para sempre.
Sabes aquela pessoa que tu conheces, gostas muito mas não consegues entender? Aquela que é sempre muito querida e simpática e que parece estar sempre tudo bem com ela, mas se prestas mais atenção percebes que há qualquer coisa estranha com ela? Pois é, é dessa que estou a falar. Partilha com ela, por favor.
Agora se ainda estás aqui a ler, eu quero que saibas que não estás sozinha e não existe nada de errado contigo. Eu sei exactamente como te sentes. Eu sinto-te.
Porque atrás do meu sorriso e da minha capa de “está tudo bem”, está uma mulher que sabe o que é chegar ao fundo do poço, ao fim do caminho. Está uma mulher que já se sentiu muito sozinha e muito errada também. Está uma mulher que já sentiu muito, que não compreendeu os seus sentimentos, que os achou errados, que teve vergonha de os partilhar porque tinha medo… Ok, ok, pânico do que os outros iriam pensar ou fazer, porque lhe parecia que mais ninguém sentia ou sequer pensava assim como ela. Está uma mulher que criou grandes dependências em relacionamentos, em estados depressivos e ansiosos, mas que por sorte criou uma dependência que a salva um pouco a cada dia, que é o desenvolvimento pessoal, o auto-conhecimento e a cura. Digo salva e não salvou porque continua a ser a ferramenta de eleição para sair deste estado de dormência e fazer diferente todos os dias e porque a cura é um processo sem fim e sempre em crescimento.
Esta mulher também tem um coração enorme, onde cabe o mundo e tem a ambição de fazer a diferença, de deixar um legado, de impactar muitas vida e de mudar o mundo. Esta mulher teve a ambição de curar o mundo para que nunca mais, ninguém precisasse passar por este tipo de sofrimento, que tantas vezes viu como tão estúpido e inútil e que nem por isso a fez sentir, pelo contrário, sentia ainda mais.

Esta mulher já pensou tantas vezes, “Coitada, mas quem és tu para querer mudar ou curar o mundo. Toda errada e esquisita. Tu nem a ti ainda conseguiste curar…”. Às vezes ainda pensa… Felizmente é por pouco tempo e muda logo. 🙂

 

Esta mulher sou EU e sabes, eu aprendi que não estou errada, nem sozinha. Aprendi que a maioria das pessoas não é como eu, parece que pertenço a uma fatia de apenas 4% da população de seres esquisitos que sentem “demais” os sentimentos. Aprendi que este conjunto de seres “estranhos” como eu, que sente tudo de uma forma muito intensa, pode aprender mais sobre sentimentos e guiar os outros com os seus próprios sentimentos, ajuda-los a viver melhor com qualquer sentimento, porque digamos que temos muita experiência nisto de “sentir”.
Mas sobretudo, aprendi que não preciso mais tentar adormecer os meus sentimentos, não adianta, eles não vão embora. Agora escolho viver os meus sentimentos, atravessa-los por completo até ao outro lado da dor e depois sim, a dor passa.
Aprendi que quando chegamos ao fundo do poço ou ao fim do caminho, não existe mais nenhum lugar ruim para ir e o único caminho é para cima.
Eu fingi que os meus sentimentos não existiam por muito tempo, adormecia-os, escondia-os, porque eu tinha medo e vergonha deles. Agora eu já não tenho medo, ou melhor, eu tenho, mas eu sei que eles não me vão matar (eu já estaria morta se eles matassem, acredita). Hoje eu escolho sentir os meus sentimentos, assumir a minha verdade sobre eles e hoje também escolhi partilha-los contigo, porque já não tenho vergonha de ser como sou.
Talvez seja da idade, não sei, mas agora já não quero saber o que os outros pensam de mim ou do que eu sinto. Afinal os outros não podem sentir os meus sentimentos por mim e eu estou cansada de querer sentir e aguentar e depois esconder todos os sentimentos do mundo.
Hoje eu escolho olhar para os meus sentimentos como guias, que me mostram qual a melhor coisa a fazer a seguir. E a melhor coisa nunca é esconder o que sinto. Então, quando:
  • Me sinto sozinha no mundo eu sei que preciso procurar conectar-me com outras pessoas,
  • Estou stressada ou ansiosa preciso de ficar sozinha e conectar-me com Deus e o Universo para trazer a minha paz de volta,
  • Sinto inveja, sei qual o próximo passo que preciso dar e qual o caminho a seguir e então posso entrar em ação,
  • Me sinto confusa ou sobrecarregada leva-me a pedir ajuda (esta ainda é a mais difícil para mim)
  • E a minha dor guia-me para ajudar outras pessoas com a sua própria dor.
Como a dor dos meus sentimentos sempre me fez querer ajudar os outros eu procurei e construí uma carreira no desenvolvimento pessoal, na terapia e no Coaching e já são mais de 25 anos a estudar sobre desenvolvimento pessoal e 10 anos a trabalhar nesta área, ajudando pessoas a viver melhor com os seus sentimentos.
Não, ainda não estou perfeita (nem vou estar), mas já aprendi e experimentei muito e posso compartilhar o meu conhecimento e a minha experiência e isso basta, não preciso ser perfeita, só não posso deixar nunca de querer melhorar a cada dia e ensinar o que aprendi e vivi.
E tu que também queres mudar o mundo, podes perfeitamente fazer o mesmo. Acredito sinceramente que esta é a chave para te tornares uma coach/terapeuta/consultora de excelência e fazer a diferença no mundo.
Hoje eu escolho honrar os meus sentimentos, já não fujo mais deles e muito menos os escondo. Hoje olho para os meus sentimentos como pedras preciosas, como guias, os meus maiores mestres. E ao assumi-los e encara-los eu encontro a dignidade, o amor e a compaixão que ao longo da vida no meio de tanto sentimento intenso, destes pouco tinha sentido.

Eu já não preciso de ser uma super-heroína, a mulher perfeita que sempre quis ser e de quem sempre me vi tão distante, para puder fazer a diferença no mundo como sempre quis fazer. E sabes que mais? Tu também não!

 

Eu assumo a minha estranheza, a minha forma às vezes inadequada, escorregadia, misteriosa, mas agora também muito mais honesta de ser.
Eu descobri que não preciso ser a super-mulher para ser perfeita e mudar o mundo e descobri que é preciso uma dose muito maior de coragem para alguém que é estranha, inadequada, escorregadia, misteriosa e humana querer mudar o mundo do que para uma super-mulher.
Eu não preciso de ser perfeita para mudar o mundo, eu preciso apenas estar consciente e presente para que curar-me a mim é um trabalho em progresso para sempre, então enquanto isso eu saio, torno-me visível, exponho-me como sou para curar e mudar o mundo a partir da minha humanidade imperfeita e honesta e depois ao final do dia e a cada amanhecer retorno a mim para me curar um pouco mais.
E no final, se eu me tiver curado a mim, já terei curando uma parte do mundo, mas eu sei que neste processo tenho a missão de facilitar a cura para muitos outros humanos, sobretudo mulheres sensitivas e empreendedoras que querem mais da vida como eu. Faço-o todos os dias e farei até ao final dos meus dias.
Desejo que esta minha entrega te seja útil e te possa servir.
Namaste,
Sónia Anjos
P.S. Agora quero saber de ti. Como lidas com os teus sentimentos? Como fazes para os colocar ao serviço do teu crescimento e dos outros. Deixa-me o teu comentário aqui no blog.
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